Rússia 0-0 Portugal: O sonho destruído por um erro

    A CRÓNICA: UMA FASE DE APURAMENTO DOS SE’S…

    «Não há estrelas no céu», já dizia Rui Veloso, mas em Moscovo não havia neve. Estranha combinação, certo? Os cristais de gelo normalmente caraterizam a capital russa, mas, desta vez, havia muito sol e talvez era um presságio para se «dourar o caminho» da nossa seleção feminina portuguesa (Rui, are you proud?). A situação da missão Rússia para Portugal era complicada para as nossas guerreiras, todavia, tinha de se acreditar.

    Os primeiros minutos mostram uma seleção portuguesa inspiradas com a exibição que já tinha acontecido em Lisboa, mas cedo essa inspiração esfumou-se e embateu contra um muro russo difícil de penetrar. Foram poucos os momentos em que podemos dizer que Portugal criou muito perigo para a baliza da minha antiga médica de família, ou seja a de Elvira Todua. Já do lado russo, Korovkina continuava muito perigosa e com vontade de aumentar o seu registo de golos.

    O nulo foi um resultado justo para aquilo que aconteceu nos primeiros 45 minutos em Moscovo. Era tempo de olhar para um dos extremos do Sapsan Arena, em Moscovo, e sentir as vibes Éderianas vindas do estádio do FK Lokomotiv para que se pudesse resolver este play-off.

    Depois de tanto tempo sem ir à baliza portuguesa, Abdullina ia gelando todas as possíveis aspirações de se ir ao Europeu. Porém, Inês Pereira, com uma ajuda da barra, salvou e deixou um país a sonhar ainda. Aos 69 minutos, Dolores quase era a heroína que Portugal precisava e a minha antiga médica de família voltou a dizer que «não»…

    Pouco mais, se criou perigo, porque as portuguesas não conseguiam rematar muito à baliza russa e as russas não quiseram fazer muito mais do que isso. A Rússia conseguiu assim o apuramento para o Campeonato da Europa de 2022, enquanto que Portugal não vai renovar a ida a um Europeu, depois de ter ido em 2017. Um resultado combinado com sabor a injustiça por tudo aquilo que as portuguesas fizeram em campo. Mas o Futebol é assim: injusto. Como dizia Rui Veloso, «o Mundo [do Futebol] inteiro uniu para [nos] tramar»…

     

    A FIGURA

    Fonte: Sebastião Roxo/Bola na Rede

    Elvira Todua – Podemos dizer que é a grande figura de todo o play-off. A guarda-redes russa, apelidada nestes dois jogos com o rescaldo de “a minha antiga médica de família”, não trouxe de todo boas notícias. A defesa que faz ao remate de Dolores Silva foi meio caminho andado e peça-chave para conseguir meter a Rússia no Campeonato da Europa de 2022. Uma autêntica parede e nada a apontar. Alsu Abdullina também foi uma das jogadoras que esteve muito bem neste jogo.

    O FORA DE JOGO

    Ataque de Portugal – Houve falhas que não podem acontecer a este nível e também numa decisão tão importante como foi este play-off. Francisco Neto já tinha falado deste pequeno pormenor e neste jogo faltou criar ainda mais perigo – aquele que teve mais relevante foi o remate de Dolores Silva. Precisávamos de alguém que tivesse uma presença mais sólida na grande área, mas falhámos redondamente neste aspeto.

     

    ANÁLISE TÁTICA – RÚSSIA

    Yuri Krasnozhan a voltar a apostar num 4-2-3-1 e apenas a efetuar uma alteração com a entrada de Margarita Chernomyrdina, que ficou encarregue do lado esquerdo do ataque da Rússia. Porém, sem bola e em missão defensiva as russas apresentavam-se num sistema tática de 4-4-2 com Nadezhda Smirnova a subir e a fazer companhia a Nelli Korovkina na primeira pressão à construção de Portugal com as centrais.

    As russas estavam a voltar ao grande trabalho que fizeram no Restelo com um bom controlo das ações ofensivas de Portugal e depois a sair rápido para o ataque. A seleção russa apostava na construção através do corredor lateral em que as laterais combinavam com as extremos para que depois conseguissem explorar o jogo entrelinhas com Smirnova ou Korovkina. Além deste recurso, era frequente existir um passe longo para Korovkina, que recebia e distribuía para o lado onde acabava por descair, aproveitando algum buraco que aparecia na defensiva portuguesa.

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Elvira Todua (7)

    Kristina Mashkova (5)

    Anna Belomyttseva (5)

    Anna Kozhnikova (5)

    Alsu Abdullina (7)

    Elina Samoylova (5)

    Viktoriya Kozlova (5)

    Marina Fedorova (6)

    Nadezhda Smirnova (6)

    Margarita Chernomyrdina (5)

    Nelli Korovkina (6)

    SUBS UTILIZADAS

    Yana Sheina (5)

    Kurochkina (-)

     

    ANÁLISE TÁTICA – PORTUGAL

    Francisco Neto voltou a apostar num 4-4-2, contudo, alterou duas jogadoras e também um pequeno pormenor a nível tático. Inês Pereira ficou com a responsabilidade de defender a baliza portuguesa e também Jéssica Silva fez companhia a Francisca Nazareth no ataque. A troca tática foi no meio-campo com Tatiana Pinto a ficar mais em linha com Dolores Silva, situação que se foi alterando com o baixar de Andreia Norton. O grande objetivo era conseguir controlar as incursões russas como aconteceu na 1.ª mão no Restelo.

    Não sabendo qual a intenção do selecionador português, provavelmente explorar alguma dificuldade das centrais russas, a equipa portuguesa apostava muito nos cruzamentos e, especialmente, construía a partir do lado direito de Ana Borges. Portugal teve muitas dificuldades em conseguir estar no último terço e principalmente porque não havia qualquer tipo de figura ofensiva portuguesa na área russa.

    Com as substituições de Telma Encarnação, Fátima Pinto e Andreia Jacinto, houve uma troca para algo semelhante a um 4-3-3. Ao invés de ser Telma a jogadora referência no ataque era Cláudia Neto, enquanto que a jogadora do CS Marítimo ia procurando o jogo pelas alas. Fátima Pinto e Andreia Jacinto ficavam mais à frente de Dolores Silva, consolidando o meio-campo luso. Portugal ainda no final ficou a construir com três jogadoras (Carole Costa, Joana Marchão e Dolores Silva) com um sistema tático que mais parecia um 3-5-2, mas não resultou para conseguir, pelo menos, um golo que levaria tudo para prolongamento.

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Inês Pereira (6)

    Joana Marchão (5)

    Sílvia Rebelo (5)

    Carole Costa (5)

    Ana Borges (6)

    Dolores Silva (5)

    Cláudia Neto (5)

    Tatiana Pinto (4)

    Andreia Norton (4)

    Francisca Nazareth (5)

    Jéssica Silva (5)

    SUBS UTILIZADAS

    Fátima Pinto (6)

    Andreia Jacinto (5)

    Telma Encarnação (5)

    Ana Capeta (5)

    Catarina Amado (-)

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    João Pedro Barbosa
    João Pedro Barbosahttp://www.bolanarede.pt
    É aluno de Jornalismo na Escola Superior de Comunicação Social, tem 20 anos e é de Queluz. É um apaixonado pelo desporto. Praticou futebol, futsal e atletismo, mas sem grande sucesso. Prefere apreciar o desporto do lado de fora. O seu sonho é conciliar as duas coisas de que gosta, a escrita e o desporto.